A questão não será tanto a circulação dos plásticos na economia – “material essencial e de excelência em vários setores e aplicações (embalagem, transportes, saúde, construção, entre outras) – leve, barato e adotável em várias aplicações (Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC)” - mas antes a forma que tem permeado esse fluxo: dos mais recentes objetos plásticos de combate à Covid-19 – máscaras, viseiras, luvas – a todos os restantes materiais plásticos do nosso quotidiano, continuamos a observar a sua utilização de modo não sustentável, com impacto para todos: animais, humanos e todo o restante ecossistema.
Falar de resíduos plásticos é falar de lixo tóxico com potencial para danificar o ambiente pelos elementos do ar, água, terra. Quando uma certa quantidade de plástico se encontra reunida numa determinada área ao ponto de impactar negativamente e criar problemas para as plantas, vida selvagem e seres humanos, estamos perante um fenómeno de poluição.
Várias são as causas responsáveis pela poluição e que resultam de uma inadequada utilização dos plásticos. De entre as mais importantes encontram-se:
De um material tão duradouro e com um nível tóxico considerável, que efeitos nefastos esperar?
À semelhança da sua duração os efeitos sentir-se-ão a longo prazo, destacando-se principalmente:
A mais recente análise efetuada pela revista Science mostra que a atual abordagem de combate ao plástico não está a resultar e que, assim se mantendo, o montante de resíduos de plástico irá triplicar por volta de 2040. No entanto, a boa notícia é que utilizando a tecnologia já existente nos dias de hoje poderemos reduzir os fluxos de plástico em 80% e ainda, mediante investimento adicional, chegar próximo dos 100%.
A redução e minimização dos efeitos nefastos da utilização de plásticos tem de ser levada a cabo por todos, desde as empresas, órgãos governativos e outras instituições, até nós cidadãos, como consumidores finais com responsabilidade direta sobre o nosso comportamento e ações.
No Pacto Português para os plásticos (PPP), por exemplo, encontramos uma excelente iniciativa e esforço para a mudança do paradigma: trata-se de programa que pretende unir todos os beneficiários desde os produtores, retalhistas, Governo, até ao poder local e comunidade, para a reinvenção da utilização do plástico, de modo a se garantir que estes nunca terminem na natureza mas antes circulem pela economia durante o seu tempo de vida útil. Sintetizado nas ações abaixo expostas, este pacto pretende guiar-nos na reflexão e combate à utilização desmedida dos plásticos na sociedade.
Na mais recente e atual crise pandémica observamos que o principal acessório contra a propagação viral – máscaras descartáveis -, constituído na sua maioria por partículas de plástico, acaba também por ser “descartado” na natureza, já tendo inclusive chegado aos oceanos. No entanto, e ainda que perante o ceticismo e debate mundial em torno da reciclagem destes plásticos (que eventualmente absorveram e protegeram os seus utilizadores da transmissão de partículas virais), a empresa francesa Plaxtil deu o passo em frente: através de um processo quarentena, subsequente desinfeção por luz ultravioleta e etapa de transformação, o plástico das máscaras encontrou nesta “casa” uma finalidade sustentável, ao reintegrar não só a produção e constituição de objetos de plástico ecológico produzidos pela empresa, assim como de outros materiais utilizados no combate pandémico como é o caso das viseiras.